terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que eu penso sobre a Igreja

Por Daniel Jimenez

Primeiro, desculpem esta minha indiscreta e chata introdução

Visto que meu único interesse existencial e missão pessoal foi é e será falar sobre DEUS para as pessoas com quem tenho comungado espaço sobre a terra, e ao longo dos ultimo anos tenho conversado mais abertamente sobre minhas posições, em especial frente a este corrompido universo circense chamado meio evangélico - que NADA tem de EVANGELHO.

DEUS é minha testemunha de que o que penso e o que falo só o faço por considerar ELE como meu Supremo orientador: ético-e-moral, espiritual e existencial. E dentro do que ELE, DEUS, me tem por reserva, isto é o que tenho, desde sempre, partilhado. Sobre o REINO, sobre o AMOR, sobre a ESPERANÇA, sobre a JUSTIÇA, sobre a FAMÍLIA, sobre a possibilidade de cada ser humano se redescobrir em DEUS, e NELE encontrar o propósito de sua existência nesta Terra, e mais que o alcance de tal propósito se reverterá em benéfices para TODA a humanidade desta e das futuras gerações.

Cansado de ter que justificar minhas posições mal interpretadas por pessoas que ouvem e reproduzem parcialmente minhas falas é que estou escrevendo este email, direcionado apenas para que não tenham em mente nada além do que hoje orbita meu coração. De antemão peço perdão aos que pensam diferente de mim, peço perdão por, talvez, confrontar a fé de alguns, entretanto, tudo o que agora escrevo, é fruto de uma caminhada muito próxima dAquele que é o ápice da minha existência.

Obviamente que desde o momento em que agora escrevo, esta informação já está caducada, visto que no fim, muita coisa nova se reconfigurará em minhas posições. Mas uma coisa é certa: DEUS não muda, e se alguém me desabona pelo que abaixo segue, suguiro que pergute a DEUS, vá a FONTE, não vá a religião, ou aos interpretes de DEUS, vá a DEUS. Não confie no que sente seu coração, visto que o mesmo é enganoso. Muitas vezes usamos o pretexto de dizer o que vem ao coração como sendo algo bom, ou divino, entretanto, cuidado: o coração carente é egoísta e perigoso. Ainda mais um coração carente de DEUS. Não se iluda: DEUS não mente. Então, converse com ELE, mas lembre-se: conversar é um ato que envolve as duas partes, conversar não é monologar. Se vai conversar com DEUS vá com tempo para que ELE. no tempo DELE fale, não por um livro, não pela boca de alguém, mas por ELE mesmo, e então você saberá que DEUS é DEUS vivo, que fala ao que com ELE conversa.

Vamos lá, à defesa de elementos da minha FÉ (PARTE I):

Sobre o que penso da Igreja.

Talvez minha rudes nas falas no passado sobre as instituições cristãs levaram a muitos a crerem que não gosto de Igreja, entretanto, essa não é toda a verdade, visto que gosto de mim mesmo, afinal, Igreja são todas as pessoas que fazem parte do Corpo de Cristo. E não me excluo disso, ainda que os da igreja (não da Igreja) tentem-me fazê-lo. Explico.

IGREJA, palavra de origem grega, que aportuguesada ficou conhecida e transliterada como: eclesia. Este conceito nada mais significa que o agrupamento de gente, exatamente como um grêmio estudantil, um fã clube, um grupo de estudos e por ai vai. Sócrates, Platão e Aristóteles tiveram, cada qual, a sua eclesia, a sua igreja, ou o seu grupo de afiliados.

Efetivamente DEUS NUNCA criou ou empreitou criar coisas como as que hoje vemos e conhecemos como igreja e igrejas, entidades que carregam estes nomes mas não são IGREJA. DEUS criou UMA IGREJA. Ele nunca criou as denominações.

Do ponto de vista sociológico e religioso nosso DEUS-JESUS era judeu e não cristão. Ele nunca quiz ser outra coisa. Usando os termos denominacionais comuns no meio corrente nosso DEUS-JESUS era da seita dos essênios. Sim JESUS era de uma seita.

Ser IGREJA, que é o que sou, não significa que tenho que estar em uma igreja. Entretanto, a percepção cristã corrente e contemporânea, por não se entender como IGREJA, entende que só (se) faz parte da IGREJA aquele(s) que esta numa igreja. É o mesmo que ter sem ser.

Quando DEUS disse a Pedro: você é Pedro (que significa pedra, rocha), e sobre esta pedra edificarei a minha IGREJA, Ele não estava criando uma organização (argumento mantido pala Santa Sé sobre Pedro ser o primeiro papa). Sem querer vogar minha interpretação, mas já o fazendo (desculpem-me), não existe vestígio hermenêutico-sistemático-teologico que dê fundamento sobre ser este o instante em que se criou ou criaria um movimento religioso. DEUS ali está dando uma simples orientação do tipo: fiquemos juntos, unidos nós somos mais fortes.

DEUS-JESUS NUNCA criou o cristianismo, assim como Marx nunca criou o Marxismo. Ele criou o mundo, isso sim.

CRISTIANISMO foi um nome criado por pagãos para aquilo que eles não entendiam: um movimento (do ESPÍRITO) que crescia, e que precisava ser nominado: cristãos.

Alias, cristãos significa literalmente pequeno Cristo. Significa que as atitudes dos nossos primeiros irmãos de fé era tão idêntica com a de DEUS-JESUS-Cristo que os chamaram de cristãos, visto que não consideravam Cristo-DEUS, tiveram que criar esta nomenclatura apropriada, entretanto, Cristo-é-DEUS, e em sendo DEUS, o mais apropriado seria chamá-los-nos de: deuses-sinhos, o que para os nossos primeiros irmãos de fé, no DEUS-ressurreto, faria muito mais sentido de ser, mais do que ser chamado de cristão.

Lembro-me de certa vez quando tentaram matar nosso DEUS-JESUS (João 10) e Este falou aos judeus: por quais por qual destas obras ides apedrejar-me? Eis que responderam: Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes DEUS. Então DEUS-JESUS os respondeu: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses? Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai.

Interessante é que DEUS chama a fariseus de deuses e mais, ele os diz que todos os filhos de DEUS o são.

É por isso entre outros que não gosto de carregar o título de cristão, sendo eu filho, não quero carregar adjetivos vindo de pagãos.

Voltando a questão da igreja. O fato é que DEUS NUNCA criou, e nem intencionou criar, foram instituições como as que hoje conhecemos. NUNCA.

A organização fundamentada na administração partindo em Pedro era a que focava não numa estrutura humana, mas à disseminação do Reino de DEUS, ou seja, a agremiação de um povo, de uma nação - a nação Santa, a do sacerdócio Real, o povo escolhido - não para uma religião, mas para um Reino: o Reino de DEUS.

No Reino DEUS não existe religião ou religiosos, existe cidadãos. Da mesma forma como sou cidadão do reino da España, e sou cidadão brasileiro, sou também cidadão do Reino de DEUS. Este Reino tem uma constituição, e encontro elementos dela no Livro, este Reino tem um REI, que é DEUS, e que por bondade dele me concedeu o direito à cidadania deste Reino: o Reino do AMOR.

Não conheço quase nada deste Reino de AMOR e justiça, mas busco, segundo a orientação do meu monarca, conhecê-lo cada dia mais, não como uma religião, mas como um lugar. E dentro do meu limite operacional é que tento me aprofundar relacionalmente com o Rei, visto ser Ele o melhor anfitrião deste lugar. E é assim que, caminhando pelas ruas que me são permitidas Nele caminhar, é que falo das coisas que por lá encontro: não para doutrinar, até por que, sobre o Reino só posso falar das coisas, das paisagens, das impressões ambientais que lá encontro e minha alma carrega - a paz que excede a razão, a beleza que envergonharia as Tulipas, a ternura de um AMOR que não se toca nem se sente, o lugar-dos-lugares. O que faço, entretanto, é contar do que como foi a minha ida e vinda, das coisas que o Rei me mostrou e falou, não mais que isso, e dentro daquilo que entendo por bom senso, incentivo a que caminhem este caminho.

Eu não preciso de uma igreja, pois em sendo eu IGREJA, é que eu caminho pelo Reino.

Desculpe, viajei. Voltando, novamente ao tema da igreja.

Falei de como os pagãos de Roma criaram o conceito: cristão. Logo após este feito ela, a loba romana, tratou de assimilar o processo orgânico que fervilhava, entre os novos adeptos, para dentro de suas entranhas, e desta forma gerou o que hoje conhecemos como o cristianismo. Um paganismo com nome de Cristo.

Sem entrar muito em detalhes históricos, mas podemos fazê-lo em outra oportunidade, se compararmos as estruturas sociais das organizações pagãs de qualquer época veremos que a estrutura do cristianismo, também em qualquer época, e muito mais evidente na nossa, se assemelha em plenitude com o arcabouço pagão: ritos, gestos, símbolos, performances, sacerdote, donativos... Alias, a chamada igreja evangélica hoje é muito mais pagã que os devotos de religiões afro, druidas e afins.

Encontrar a IGREJA-de-Cristo não é o mesmo que encontrar cristãos.

Não foi à revelia que nosso DEUS nos advertiu sobre aqueles que carregariam seu nome, contudo, no dia do juízo, frente ao Juiz muitos ouvirão: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? Então da boca de DEUS se ouvirá: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.

Fico impressionado com o numero de cristãos que preferem mandar os outros para o inferno que para o céu. Pais-cristãos que dizem aos seus filhos: se você fizer isso ou aquilo você vai para o inferno. Eu que não mando ninguém pra lugar nenhum, quando muito, oriento a que busquem o Reino de DEUS.

De fato nunca mandei ninguém para o inferno assim, no máximo por força do hiperbolismo social. Das poucas vezes que orientei pessoas a irem procurar uma igreja vi amigos que amavam a DEUS se tornarem verdadeiros demônios acusadores e profanos. Por essa razão adotei a postura de não mandar ninguém pra lugar nenhum. No máximo o que falo é: vá pra uma comunidade-igreja onde o Reino de DEUS seja prioridade: ensinado sempre, e lá permaneça, até que a consciência do Reino seja completa, então seia de lá, ou permaneça, segundo a orientação do ESPÍRITO.

Uma vez no Reino não tem mais saída, DEUS já não é mais o limite, é a plenitude. Por isso que digo: seja do Reino e não da igreja.

A igreja contemporânea ensina as outras coisas que serão acrescentadas, mas não ensinam sobre o Reino, que é o que deve ser buscado em primeiro lugar. Antes de ministérios, antes de dons, antes de frequentarmos este ou aquele lugar, antes da teologia, antes mesmo da bíblia, antes de qualquer coisa: o Reino deve estar em primeiro lugar.

Trocaram a ordem. Trocaram o evangelho eterno por um outro evangelho (e Paulo nos advertiu que isso iria acontecer, ao escrever para nossos irmãos de Gálatas), um evangelho humano, um evangelho dos evangélicos. Um evangelho anti-DEUS, uma evangelho ANTI-CRISTO.

Honestamente, prefiro dizer parafraseando Paulo: não considero que cheguei, visto que ainda estou aqui, mas corro a corrida da fé Naquele que por mim me vivificou em DEUS e como DEUS. Desse modo atento e adestro meus olhos e ouvidos à voz do Criador, não me admito confundir-me com a voz(es) das igrejas, pastores, teólogos e afins, ainda mais os da contemporaneidade, antes, busco no meu Salvador a certeza de seu Reino estabelecido em mim e em meus irmãos. Busco estar atento a Voz Dele, a querer Vê-lo, como outras vezes eu já o vi.

E é nesse caminho que hoje caminho, e que só visa a instigar à uma busca mais profunda de DEUS, ética e social, aplicável na diversidade do dia-a-dia, é que caminho dizendo: Buscai em primeiro lugar o Reino de DEUS e a sua justiça e as outras coisas voz serão acrescentadas.

DEUS abençoes a TODOS,

Abcs,

Nele,
un gnd abz,
Daniel Jimenez
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5 comentários:

  1. Dani,

    esse assunto é muito denso para tratarmos por e-mail, devido aos fatores teológicos; sociais; psicológicos; antropológicos etc...., mas quero colocar algumas reflexões do que você escreveu, afinal, como você sabe, eu e minha família rompemos com uma denominação depois de muitos anos como membros. Outrossim, como teólogo quero compartilhar alguns pensamentos:

    1. Definindo os Termos:

    1.1 - Igreja
    Segundo a sociologia da religião e autores consagrados como Ernst Troelstch, Igreja é uma instituição cristalizada pelo tempo, que possui uma larga tradição e uma grande reserva religiosa. Ela detém e administra os sacramentos. Não está em conflito com a sociedade, pelo contrário, esta de mãos dadas com o poder secular. Ela procura dominar e educar o mundo através da sua cosmovisão. Foi assim em grande parte da idade média, principalmente a partir da ascensão do papado no sec. V com Leão I.

    1.2 - Seita
    A Seita ao contrário da Igreja é constituída por um grupo fechado que está em oposição com a sociedade e com o sistema religioso vigente. Seus membros buscam uma perfeição interior e o sentimento de companheirismo é acentuado, em geral o aspecto moral é muito enfatizado.

    1.3 - Denominações:
    Segundo Richard H. Niebur, as denominações surgiram basicamente por fatores sociais, em sua brilhante obra: "As origens sociais das denominações cristãs", ele explica que por causa de fatores sociais surgiram as igrejas dos imigrantes; da classe média; inclusive ele diz sobre a "igreja dos deserdados".

    Definidos os termos vou usar Igreja no sentido do senso comum, ou seja, de um grupo de pessoas "chamados para fora", com o propósito de prestar culto.

    continua....

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  2. Você diz que Deus nunca criou denominações, que Deus-Jesus criou uma Igreja. Concordo com você pois o próprio Jesus diz em Mat. 16:19 que edificou sua Igreja. Estranhei o termo que você usou "Deus-Jesus", para mim o termo Deus compreende a Santíssima Trindade. Mas porque então temos tantas denominações?
    Ao lermos os evangelhos, percebemos que tanto Jesus como os discípulos tinham em mente de que Jesus voltaria logo após a sua assunção aos céus. Porém, não foi isso que aconteceu. Pedro em sua carta procura explicar essa "demora", dizendo que muitos afirmavam que Jesus estava demorando para voltar, mas que para Deus “1 dia é igual a 1000 anos e vice-versa”. Diante desse fato, ou seja, dessa “demora” da volta de voltar, a comunidade precisou se organizar, e ela fez isso desde muito cedo. A geração posterior aos Apóstolos (Pais da Igreja) tratou de criar mecanismos para defender a fé cristã, em função dos inúmeros ataques das “heresias” (gnósticos/marcionistas etc.) Alguns desses mecanismos foram: a) sucessão apostólica; b) credo e c) o Cânon bíblico. Em busca de organização e sobrevivência a comunidade precisou se estruturar. E essa estruturação é algo bem natural e lógico de se entender. Como reação a essa institucionalização, surgiram diversos movimentos denominados, do Espírito, a ex: do Montanismo. Meu trabalho de conclusão de curso foi sobre esse tema. Em toda a história do Cristianismo existiu essa tensão. Nos primeiro séculos com o Montanismo, na Idade Média com Joaquim de Fiori, na reforma com os Quakers, no séc. XX com os movimentos Holiness (santidade) e o Pentecostalismo Moderno.
    Abaixo quero comentar algumas frases suas:
    Jesus era judeu e não cristão, e que era da seita dos essênios....

    Até onde eu sei, quem poderia ter sido da seita dos essênios foi João Batista, mas não Jesus.
    Cristianismo foi um termo dado pelos pagãos...
    A própria Bíblia em At. 11:26 diz que em Antioquia os discípulos foram chamados de Cristão, particularmente não vejo problema com o termo.

    Eu não preciso de uma igreja, pois em sendo eu IGREJA, é que eu caminho pelo Reino.

    A Bíblia nos trata em particular como Templo do Espírito, por motivos lógicos, uma pessoa sozinha não pode ser Igreja, pois Igreja é um ajuntamento, uma assembléia solene. Você seria Igreja se fosse o único crente no mundo.

    Enfim, em nenhum momento eu quero te criticar, mas como você colocou seu pensamento quis fazer o mesmo. Concordo plenamente que a Igreja atual está passando por muitas dificuldades, mas não consigo conceber a idéia de um crente solitário, que não viva em comunidade.

    Somente estarei de acordo com suas criticas a Igreja institucional, se você está se reunindo com algum grupo cristão com a intenção de prestar culto e pregar o evangelho as seres humanos. E se assim você está procedendo, lembre-se que no momento em que esse grupo cresce, é necessário organização, em função da própria sobrevivência do grupo, e quando chega essa organização fatalmente a comunidade se transforma em Igreja.

    Abraços em Cristo.

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  3. postado por andre pontes

    Daniel e os que tiveram o prazer de ler esse e-mail.


    Diferente das conversar convencionais que tivemos ao longo das nossas vidas, hoje pretendo fazer algo bem diferente. Vou tentar deixar meu lado historiador e atenuar meu ceticismo afim de exacerbar pontos de difusão da sua arrogância coerente.

    Primeira observação que gostaria de lhe deixar seria em relação a essa frase:


    *sugiro que pergunte a DEUS, vá a FONTE, não vá a religião, ou aos interpretes de DEUS, vá a DEUS. Não confie no que sente seu coração, visto que o mesmo é enganoso. Muitas vezes usamos o pretexto de dizer o que vem ao coração como sendo algo bom, ou divino, entretanto, cuidado: o coração carente é egoísta e perigoso. Ainda mais um coração carente de DEUS. Não se iluda: DEUS não mente.



    Embora eu esteja de pleno acordo com você, (não no sentido de acreditar nessa crença cretina a quem você comungam) sua crítica faz sentido até certo ponto. Toma cuidado com certas afirmações referente ao "coração" (que o certo seria "mente") das pessoas. Da mesma forma que o "coração da mente" delas possa ser enganoso, o seu não está isento disso.


    Por incrível que pareça e que embora possa (ou não) ter alguns equívocos teológicos ou históricos, seu posicionamento é muito válido e digno de ser respeitado, zueira, rs. Melhor um cristão (que não passa de um pagão caricato) racionalizar sua fé, do que esses zotes estúpidos e incultos que não exercitam a razão. Apenas usufruem da miséria intelectual que os condenam.


    Como você bem disse, Cristo não era cristão, como o glorioso Karl Marx não era marxista, mas ambos procuram interpretar seus posicionamentos. E quanto a Jesus ser essênio, pode ter sim fundamento, até porque quem o batizou foi João Batista, um essênio. Mas o que realmente importa é, Jesus foi um revolucionário anti-imperialista romano e suas falas foram manifestos para tal levante. (Digo isso sem pensar no lado religioso, apenas uma análise histórica da vida desse indivíduo). Isso é muito incoerente. Quem é anti-imperialista como eu, não propõe outro império ou reino e sim a emancipação dessa população. Mas como eu não quero ser anacrônico, vou deixar essa discussão para outro momento. O que gostaria de falar é, Reino não existe mais! Os que existem, (que de fato só são ícones culturais europeus e de alguns países do oriente) estão para cair. À crise na Europa é prova disso. Então, se os termos pastoris usados no velho testamento provenientes da época Antiga são mau quistos na teologia contemporânea, o termo reino do momento imperialista romano não é diferente. Se "a palavra de deus se renova a cada dia" rs, (acho o máximo esse ex(s)oterismo cristão) logo, o escopo desse deus para humanidade deveria se renovar também, você não acha? Nesse sentido tenho que me curvar para teologia da libertação. Trata-se de uma teologia com fins de emancipação das massas proletárias, ou classes baixas. Pregue seu deus-cristo de forma que esse emancipe as massas, ou que no mínimo seja presidente, chega de impérios e reinos, isso já era. rs! Obs: O único império que conheço chama-se Estados Unidas da América.
    Peço desculpa por não ter escrito um manifesto a seu favor, mas, que fique bem claro, melhor um indivíduo que racionaliza os modos da sua existência, do que crentes, católicos e cristãos em geral burros e alienados como vemos a torto e à direita. E só para fundamentar o termo "difusão da sua arrogância coerente", trata-se apenas da forma imperativa (im-perativa no sentido de império) de como você expõe suas ideias. Acredito que existam pessoas não capazes de compreender esse seu manifesto anti-igreja. O que é uma pena...


    Sem mais.


    André Pontes.

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  4. postado por evandro

    Daniel, sua manifestação é legítima. É evidente que isso que chamamos de igreja atualmente está muito longe de ser representante dos ensinos de Jesus.



    Porém, também gostaria de fazer algumas observações, mesmo sabendo que esse tipo de discussão pouco ou nada produz...rs



    Poucos líderes religiosos e sociais na história apresentaram-se como fundadores de uma nova religião ou filosofia. São os seguidores que, sobre seus ensinamentos, organizam-se em escolas, seitas, grupos, igrejas, etc. Obviamente, Jesus não poderia ser cristão, pois é ele o "mito-fundante" (antropologicamente falando) dessa religião.



    A proposta de uma reunião (igreja) parte dele mesmo. Afirma que sobre Pedro (ação apostólica) isso se daria. Diz que "onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome, ali ele estaria". Pede para os discípulos ficarem reunidos até que recebessem o ES.



    O grande problema reside quando essa reunião torna-se palco. Torna-se mercado. Torna-se instrumento de dominação. Torna-se instrumento de legitimação do status quo. Torna-se ferramenta política e econômica. Etc., etc., etc.



    Assim, confessar-se cristão não é necessariamente pertencer a uma das milhares denominações existentes (que testemunham, pelo simples fato de existirem, a distância entre a ortodoxia e a ortopraxia da igreja). Porém, confessar-se cristão implica em relacionamento, cuidado, comunhão e cumplicidade entre a divindade e o crente e entre os próprios comungantes (isso está representado no sacramento da Eucaristia). Eis o dilema: como confessar-se cristão sem se reunir para a comunhão?



    Há uma peculiaridade no cristianismo. O culto que a divindade exige não é o ritual solene. Não é possível "agradar" a Deus por meio de orações, cânticos, pregações, jejuns ou lágrimas. Muitas são as censuras dos profetas do AT com relação ao culto. Muitos são os chamamentos por justiça social. O apóstolo Tiago diz que a verdadeira religião é cuidar do marginalizado. Resumindo, a reunião não se trata especificamente das solenidades. Essa reunião trata do contato, da busca pela concretização do dogma máximo da fé cristã: o amor.



    Sei que a experiência religiosa é pessoal; a religião move-se e tem o seu ser no domínio da personalidade. Porém, "o homem é incompleto enquanto isolado. Não está, ele mesmo em isolamento; nem se realiza na multidão. Vive na relação entre homem e homem. Esse encontro é a vida do diálogo. Sem o encontro com o outro, o homem não pode conhecer, tanto a si mesmo, quanto a plenitude do viver atual" (Paul Johnson).



    Você verá que, na prática, a reunião dar-se-á naturalmente. Evidente que você não é o único a ter essa opinião com relação à igreja institucionalizada. Da soma desses pessoas (que continuam crendo em Jesus), constitui-se novo grupo, nova "igreja". A menos que a pessoa dê um segundo passo, em direção a outra confissão religiosa ou ao ateísmo.





    Forte abraço, meu amigo.




    evandro

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  5. Muito bom comentário Helyel. Equilibrado e separando as coisas, como devem ser.

    Mas uma coisa me chamou muita atenção no texto do Daniel.

    Certa vez recebi um email (spam) de um grupo que ataca a organização da igreja (instituição). Por mais que eu removesse o email da lista deles, continuava recebendo os emails. Ate que um dia resolvi responder e declarar a minha posição.

    Para minha surpresa, eles responderam que aprendem direto da fonte. Ou seja eles aprendem direto de Deus. Isso me fez pensar muito e questionei:

    Se há pessoas que conseguem aprender direto da fonte, e vocês conseguem, me respondam uma questão:

    Se Deus é amor e também justiça, porque no mundo que Ele criou, a falta destes elementos existem?

    É uma pergunta piegas, e ate mesmo apelativa, mas que para mim, traz algumas elucidações:

    Deus deu ao homem o poder de se relacionar, de viver em sociedade. Viver sozinho não é objetivo comum das pessoas, pelo contrário. O homem que vive em comunidade, é capaz de aprender.

    É capaz de aprender que uma palavra pode machucar alguém. Que a falta de um abraço, um beijo, pode frustar aquele que estava à espera. E mais, se somos vitimas, aprendemos como não devemos proceder.

    Agir errado com alguém provoca o arrependimento, a tristeza e consequentemente a necessidade do perdão.

    Em comunidade aprendemos, crescemos e nos tornamos pessoas melhores. Se isto não for verdadeiro, algum problema afetivo pode existir e identifica-los e trata-los, farão ver que o mundo também é muito bom e como somos importantes no contexto que vivemos.

    E na instituição igreja, as pessoas que a formam, erram, acertam e com tudo isso aprendem. Assim Deus fala com o homem, assim o Todo Poderoso se relaciona com o homem.

    Aprender na fonte é olhar para si mesmo, e observar o que nossas atitudes provocam nos outros, assim podemos construir um mundo mais justo e amoroso. O testemunho bíblico nos revela isso.

    Graças a Deus pela instituição igreja ser imperfeita, porque eu sou imperfeito. E nela me relaciono com outras pessoas que imperfeitas, buscam o mesmo objetivo, a graça do Criador.

    Um abraço

    Anderson

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